Os produtos de higiene absorventes – que incluem fraldas de bebé, produtos de cuidado feminino como pensos sanitários e protetores de cuecas, e produtos para lidar com a incontinência de adultos – são, atualmente, um grande negócio, revela um estudo publicado na mais recente edição da Technical Textile Markets, da empresa de informação de mercado Textiles Intelligence. O valor no retalho do mercado estava avaliado em 90 mil milhões de dólares em 2019 e as vendas foram impulsionadas significativamente em 2020 pela pandemia de Covid-19.
Contudo, refere a Textiles Intelligence, os produtos de higiene absorventes são «na maioria feitos de não-tecidos spunmelt fabricados com polímeros derivados de petróleo e a sua produção e utilização têm uma pegada ambiental desfavorável». Em média, aponta, são colocadas no lixo 1,5 mil milhões de fraldas diariamente e a maior parte destes resíduos é incinerada ou enviada para aterros.
Têm sido implementadas várias iniciativas de reciclagem, tendo diversas empresas criado instalações para reciclar polipropileno – que é comummente usado na produção de não-tecidos spunmelt para produtos de higiene absorventes. A FaterSMART, em Itália, ajudou a estabelecer cadeias de reciclagem de resíduos resultantes de produtos de higiene absorventes e criou a primeira unidade de reciclagem deste tipo de artigo.
«Mas reciclar produtos de higiene absorventes é extremamente difícil por causa da sua complexidade em termos de construção do material, aplicações de utilização e o estado em que estão quando são descartados», indica o estudo.
Escassez para os não-tecidos
À medida que este problema no pós-consumo se torna mais grave, a indústria de produtos de higiene absorventes está a enfrentar restrições e regras mais apertadas, como a diretiva relacionada com a utilização única de plásticos, na UE, e legislação semelhante que deverá ser aprovada nos EUA e que está a ser redigida no Canadá.
No entanto, salienta a Textiles Intelligence, a disponibilidade de biopolímeros é limitada. «Em 2020, a produção foi de apenas 2,1 milhões de toneladas, o que é mínimo em comparação com a disponibilidade de polímeros como um todo», afirma, Como tal, as empresas que produzem produtos de higiene absorventes «terão de competir com produtores de embalagens em plástico por qualquer capacidade que fique disponível». Atualmente, o fornecimento de fibras para não-tecidos é visto como uma consideração secundária pelas empresas de reciclagem de polímeros e pelos produtos de biopolímeros.
A Textiles Intelligente acredita, porém, que «à medida que o plástico virgem usado nas embalagens é progressivamente substituído por alternativas de base biológica ou reciclado, as oportunidades para substituir os polímeros existentes nos não-tecidos vai aumentar».