Benetton alarga mercados

A Benetton anunciou recentemente um conjunto de medidas, destinadas a reforçar a sua presença em diversos mercados por todo o mundo, visando ao mesmo tempo recuperar a sua imagem e respectivas vendas.

O grupo italiano revelou que vai adoptar uma política comercial mais agressiva, que passará por uma “baixa significativa” nos seus preços de retalho, a partir do Outono-Inverno 2005/2006.

O resultado desta estratégia será mais visível nos preços da próxima colecção das marcas United Colors of Benneton e Sisley, esta virada para um segmento de classe mais elevada, e as peças que terão preços mais baixos serão as camisas, T-shirts e denim, cuja produção é mais facilmente transferida para áreas como a Ásia, pois não incorporam um grande valor acrescentado.

De acordo com o CEO do grupo Benetton, Silvano Cassano, estas medidas justificam-se pela “tendência deflacionária” verificada no sector têxtil, cuja origem se encontra, acima de tudo, na abertura total do comércio mundial às exportações chinesas de têxteis, acrescentando acreditar que só com cortes nos custos de produção será possível “garantir a competitividade da Benetton a médio e longo prazos”.

No mesmo comunicado, este responsável frisou igualmente que a empresa pretende que “no final de 2005, 76% da produção se encontre deslocalizada”, explicando que a central de compras de Hong Kong assume também tem um papel preponderante na estratégia da Benneton.

Já em em Julho de 2004, a multinacional italiana anunciara a sua intenção de abandonar completamente a produção em Espanha, através da venda do pólo produtivo de Castellbisbal, em Barcelona, devido à redução em 26% da facturação em 2003, para 48 milhões de euros e da queda de 25% nos lucros.

Os seus responsáveis afirmavam então que a empresa já produzia muito pouco em Espanha, tendo em 2002 vendido a sua unidade de Cervera (Lleida), dando assim o primeiro sinal de que a produção na Península Ibérica já tinha deixado de ser vantajosa para a multinacional italiana.

Neste sentido, a Benetton vai reforçar os investimentos na produção no estrangeiro, como sucede na Índia, com um valor estimado entre os 120 e 150 milhões de euros.

Para o ano em curso, a Benetton está a antever uma nova quebra nos seus resultados, em especial na Europa – particularmente na Alemanha e Itália, onde a marca assegura 55% do volume de negócios total.

As suas vendas consolidadas, que decresceram 1,68 mil milhões de euros em 2004, contra 1,8 mil milhões de euros no ano anterior, deverão situar-se no corrente exercício entre os 1,62 e 1,65 mil milhões de euros, enquanto os lucros líquidos não deverão ultrapassar os 6% do respectivo volume de negócios, enquanto se cifraram nos 7,3% em 2004.

Neste sentido, a Benetton aponta o grupo galego Inditex como principal responsável da sua previsão de vendas para este ano 2005, que deverá registar uma queda entre os dois e os quatro por cento.

Entre os anos de 1997 e 1999 a Inditex e a Benetton aliaram-se para introduzir a marca Zara em Itália. Ambos os grupos assinaram um pacto que não chegou a materializar-se porque a empresa italiana não foi capaz de encontrar locais adqueados para a Inditex, sendo que o grupo galego acabou por aliar-se ao grupo Percassi, que contava já com 120 lojas.

O porta-voz da Inditex assegurou que a Itália é uma prioridade para a expansão do grupo, já que pretendem chegar às 130 lojas.