A marca distinguiu-se não só pelas práticas sustentáveis, mas também pelo design, storytelling, singularidade e potencial comercial da coleção, o que convenceu o júri composto por editores de moda, designers e compradores internacionais, incluindo Luca Rizzi, diretor de consultoria na Pitti Immagine, e Elisa Bellini, editora de sustentabilidade na Vogue Italia. O prémio inclui consultoria e a presença no showroom The Sustainables durante a Paris Fashion Week, que se realiza de 1 a 9 de março.
«Este prémio é mais uma oportunidade de mostrar o meu trabalho lá fora. A internacionalização faz parte da estratégia da marca e apresentar em Paris é uma excelente oportunidade, ainda para mais sendo um showroom de sustentabilidade, faz todo o sentido com os valores e trabalho da Béhen», afirma Joana Duarte, citada num comunicado da ModaLisboa.
Estreia bem sucedida
A Béhen estreou-se na ModaLisboa em outubro do ano passado e já na altura tinha prometido, em declarações ao Jornal Têxtil, que não ia «ficar por aqui». A estreia fez-se com a coleção “Talvez te escreva”, que celebrou o casamento em diferentes culturas, mas dentro da identidade da Béhen, alicerçada na responsabilidade social e ambiental, temas caros à designer, cujo percurso passou por um mestrado na Kingston University, em Londres, e uma ação de voluntariado na Índia.
Joana Duarte reutilizou tecidos e transformou peças já existentes, nomeadamente de enxovais que recolhe por todo o país, para criar vestidos, calças e blusas. «A minha avó transmitiu-me essa parte do enxoval e desde pequenina estou habituada a escolher a cor, o desenho, o tipo de bordado», revelou. «Isto acabou por fazer um mix com a Índia, onde os saris são passados de geração em geração», afirmou.
Ao lado “amigo do ambiente”, que permite que as peças tenham uma pegada ecológica reduzida, a Béhen junta um lado de responsabilidade social, com as peças a serem produzidas por mulheres apoiadas pela Fundação Aga Khan em diferentes países, que recebem, assim, o justo valor pelo seu trabalho.
Além disso, parte das vendas da coleção reverte a favor de uma organização que luta contra o casamento infantil. Uma irmandade que começou a ser construída desde o início, não fosse Béhen uma palavra que em hindi significa irmã. «Sem me aperceber, o conceito começou a ganhar forma», confessou Joana Duarte. «Comecei a questionar como é que eu conseguiria criar um projeto que tivesse um impacto direto nas comunidades, em termos de produção ética mas também da pegada ecológica», resumiu a designer.
Arranque das vendas internacionais
Um conceito que tem sido bem acolhido pelas clientes da marca, não só em Portugal mas também internacionalmente, em países como a Arábia Saudita e Marrocos. «Estou agora a começar, mas acho que pode resultar a nível internacional e tem resultado, porque vendo lá fora a pessoas que não têm como parte da sua tradição o enxoval mas que rapidamente se identificam com este tipo de materiais e criam logo ali uma relação emocional com as peças», acredita.
Atualmente, as vendas da Béhen são realizadas através do comércio eletrónico. «O canal online faz todo o sentido para o projeto, até porque tudo tem tanta história por detrás, que faz sentido também ter essa informação ao dispor das pessoas, que facilmente conseguem perceber mais sobre o projeto», justificou Joana Duarte.
A designer, contudo, não põe de lado avançar para o retalho físico. «Eu gosto de experimentar, gosto de perceber, porque também é importante ver as peças na realidade. São peças com muita história e as pessoas gostam de ver o bordado e saber mais, portanto também seria interessante estarem em lojas físicas», concluiu.