Bangladesh cresce apesar da recessão – Parte 1

O sector do vestuário no Bangladesh está a registar uma expansão sem precedentes, com um crescimento médio de 20% ao ano, e tem como objectivo tornar-se um dos três principais exportadores mundiais até 2013, conforme nos relata o just-syle. Nos primeiros quatro meses do ano fiscal do Bangladesh (que se iniciou no dia 1 de Julho de 2008 e prolonga-se até ao dia 30 de Junho de 2009), o sector registou um crescimento de 45% nas exportações de vestuário em tecido e malha, atingindo os 3,35 mil milhões de dólares, de acordo com os dados divulgados pela Associação de Produtores e Exportadores de Vestuário do Bangladesh (BGMEA). No ano anterior (2007/2008), o crescimento médio foi de 20% comparado com 2006/2007. O vestuário em tecido cresceu 36,67% nos primeiros quatro meses deste ano fiscal, para um valor de 1,53 mil milhões de dólares, e as malhas cresceram 52% para os 1,83 mil milhões de dólares, enquanto que o total das exportações de tecidos e malhas entre Julho de 2007 e Junho de 2008 atingiram os 10,69 mil milhões de dólares. Entre os principais compradores internacionais incluem-se marcas como a H&M, Tesco, Zara, Marks & Spencer, Carrefour, Gap, Wal-Mart e JC Penney. As exportações de vestuário acabado deverão crescer 15,5% durante o período de Junho de 2008 a Julho de 2009, atingindo os 16,3 mil milhões de dólares, segundo as previsões do Gabinete para a Promoção das Exportações do Bangladesh, sendo estabelecida a meta de 6,5 mil milhões de dólares para o vestuário em malha e 5,68 mil milhões de dólares para o vestuário em tecido. «Nos últimos três anos tivemos um crescimento acentuado, a 100%, após a conclusão do Acordo Multi Fibras (AMF)», refere M. Fasihur Rahman, secretário-geral da associação de produtores e exportadores de vestuário. Para além do aumento nas exportações, o número de fábricas de vestuário também subiu, passando de 4.107, em 2004/2005, para 4.700 em 2007/2008, enquanto que o emprego nas fábricas de vestuário aumentou, no mesmo período, de 2 milhões para 2,5 milhões. O mercado doméstico está também a registar um crescimento, à medida que as condições de vida melhoram, beneficiando as marcas locais como a Artisti, Seal, Westex e Cat’s Eye. «Estamos a desenvolver as nossas competências e espero que possamos ter as nossas próprias marcas», refere Rahman, acrescentando, no entanto, que «falta-nos o design, competências complementares e tecnologia». Este forte crescimento revelou igualmente alguns problemas, com o sector do vestuário a trabalhar com uma escassez de 25% ao nível de trabalhadores qualificados e chefias intermédias. A indústria teve também problemas com tumultos e greves por parte dos trabalhadores, devido aos débeis salários e condições laborais. A energia é um outro problema, com os geradores individuais a fornecerem cerca de 20% da energia eléctrica do país. Além disso, a infra-estrutura precisa de ser reformada, existindo uma auto-estrada planeada entre Dhaka e a cidade costeira de Chittagong, juntamente com o desenvolvimento de um grande porto marítimo. Espera-se que estes projectos acelerem com a eleição de um governo civil no final de Dezembro de 2008, a qual pôs fim a dois anos de um governo de emergência. Na segunda parte deste artigo, vamos analisar os desenvolvimentos conseguidos pelo país, bem como algumas das dificuldades sentidas actualmente.