Bangladesh aumenta salário mínimo

Depois de vários meses de protestos, o país vai aumentar em mais de 50% o salário mínimo dos trabalhadores da indústria têxtil e vestuário. A decisão terá já implicações nos salários de dezembro.

[©United Federation of Garments Workers]

De acordo com o Ministro do Trabalho e Emprego, Monnujan Sufian, o salário mínimo irá aumentar para 12.500 taka, equivalente a pouco mais de 105 euros, a partir de 1 de dezembro, um aumento de 56,25% em comparação com o valor atual em vigor, estipulado em 2019, de 8.000 taka.

«Estamos a anunciar o salário mínimo para os trabalhadores do vestuário por indicação da primeira-ministra Sheikh Hasina», comunicou Monnujan Sufian aos jornalistas após uma reunião com o conselho salarial, composto por empresários, sindicatos e governantes, que foi formado para negociar uma subida dos salários depois de protestos que, em confrontos com a polícia, causaram a morte a dois trabalhadores e várias dezenas de feridos. Além disso, acrescentou o responsável político, haverá uma atualização anual dos salários dos trabalhadores de 5%.

O aumento, contudo, fica abaixo dos 23 mil taka que os sindicatos estavam inicialmente a exigir, assim como da sua proposta revista de 20.393 taka.

O painel de revisão salarial normalmente é reunido a cada cinco anos no país, sendo habitualmente precedido de meses de protestos.

Os salários baixos e os acordos comerciais com os países ocidentais transformaram o sector numa indústria de 40 mil milhões de dólares, responsável por 80% das exportações do Bangladesh, atualmente o segundo maior exportador mundial de vestuário a seguir à China, que emprega mais de 4,25 milhões de trabalhadores.

Siddiqur Rahman, representante dos empresários no conselho salarial, indicou em declarações a vários órgãos de comunicação social, que todas as partes envolvidas concordaram com o aumento e que vão ser dados cartões de família que podem ser usados para «comprar bens essenciais a preços mais baratos», indicou à Reuters. O mesmo responsável acrescentou ao Sourcing Journal que «houve também uma alteração nos escalões de sete níveis para cinco níveis», sublinhando que os produtores aceitaram aumentar salários apesar de estarem atualmente a lidar com uma redução das encomendas em termos mundiais.

No entanto, nem todos parecem concordar e ontem de manhã houve protestos à porta do gabinete do conselho salarial, com trabalhadores a exigirem 23 mil taka de salário mínimo. Uma reivindicação que membros da BGMEA, a associação de produtores e exportadores de vestuário do Bangladesh, considera ser impossível de aceitar, uma vez que representa o triplicar do valor atual.

Os empresários da indústria do país têm sido confrontados com o aumento dos custos, incluindo a escassez de gás e eletricidade. Os preços do gás, por exemplo, aumentaram quase 180% no ano passado para reduzir o peso dos subsídios no governo. Os custos das matérias-primas também foram mais elevados, uma vez que o taka do Bangladesh continuou a desvalorizar, tendo perdido quase 30% do seu valor desde janeiro de 2022.

O presidente da BGMEA, Faruque Hassan, afirmou que a associação tem trabalhado com os produtores para tentar encontrar o melhor caminho a seguir e quer convencer os compradores a encontrar uma forma de fazer com que a nova estrutura salarial do Bangladesh funcione dentro dos seus custos operacionais.