Calças de ganga tingidas de azul por uma bactéria poderão brevemente desfilar pelas ruas. Cientistas modificaram geneticamente bactérias para estas produzirem um pigmento azul (índigo cor da ganga) que serve para tingir as gangas. O processo pode ser um novo rival para a produção química de índigo, adianta a revista Nature. Originalmente extraído de plantas, o corante índigo é agora feito a carvão ou a óleo, com potenciais produtos tóxicos. Já anteriormente foram adaptadas bactérias alternativas para os produtores de índigo, mas este novo processo deixava uma sombra avermelhada nas gangas. Walter Weyler e os seus colegas da Genencor International, em Palo Alto, na Califórnia, astuciosamente modificaram os genes de uma bactéria, a Escherichia coli, para eliminar o pigmento vermelho. A cor final é completamente indistinguivél do globalmente popular azul criado pelos químicos para tingir, adianta Doug Crabb, vice presidente da Genencor. As bactérias oferecem um substituto para sínteses químicas poluentes. O índigo biológico será provavelmente mais amigo do ambiente adianta o consultor do ambiente do Reino Unido, Michael Griffiths. Mas a indústria não deverá utilizar este processo enquanto não for barato e eficaz. Antes do processo ser inventado, os produtores usavam plantas que eram colocadas de molho e que misteriosamente libertavam o percursor químico do índigo. O bioquímico Philip John, da Universidade de Reading, na Inglaterra, está à frente do projecto para reintroduzir as colheitas de índigo na Europa como uma alternativa à sua composição química. Tanto a biotecnologia como produção de plantas terão que ser processos muito eficazes para alimentar a obsessão mundial pelas gangas azuis: 16.000 toneladas de matéria corante é feita anualmente, quase toda usada no denim. E, como explica John, não existe qualquer outra matéria corante que dê essa cor característica, tem que ser índigo.