As empresas de moda resistem à crise

Apesar de alguns relatórios augurarem um futuro negro para o sector têxtil devido à crise económica, as empresas mantêm as suas previsões de crescimento. Segundo a consultora Management Horizons, um europeu gasta em roupa cerca de 6% do seu orçamento anual. À cabeça de lista das vítimas da moda, estão os italianos, que gastam 770 euros (154.371 escudos) por ano em roupa. Os espanhóis situam-se a meio termo, com um gasto anual de 413 euros (82.799 escudos). No entanto, tudo parece indicar que durante os próximos meses e se a situação económica não melhorar, os europeus vão estar mais inclinados a poupar do que a gastar. Atitude já tomada pelos americanos e que está a provocar uma situação crítica nas empresas do sector naquele país. A gigante mundial de moda, Gap, perdeu 55% do seu valor na Bolsa durante este ano, depois de ter visto cair as suas vendas trimestre a trimestre. Golman Sachs baixou de 60 (12.927 escudos) para 55 dólares (11.850 escudos) a estimativa do benefício por acção da campanha em 2002 é de 90 (19.391 escudos) para 68 dólares (14.651 escudos), em 2003. Os analistas do mesmo banco baixaram a sua qualificação na maior parte das empresas americanas do sector, entre as quais se encontram a Polo, Náutica, Tommy Hilfiger e a Gap. Na Europa as empresas têxteis mantêm-se firmes, ainda que os presságios não sejam bons. O último relatório de conjuntura elaborado pelo Centro de Informação Têxtil e da Confecção é contundente. «Se se confirmarem as previsões, assistiremos a uma progressiva diminuição da actividade até final do ano». A evolução na Bolsa começou a descontar esta possível queda das vendas, ainda que fontes da Cortefiel indiquem que todas as suas cadeias têm crescido a um ritmo inesperado. A Cortefiel e a Adolfo Dominguez, que alcançaram os seus máximos anuais no passado mês de Maio, podem ver-se prejudicadas. Desde então, os títulos da Cortefiel caíram 46%, enquanto que os do desenhador galego, perderam cerca de 30%. «Parte desta queda pode dever-se às más perspectivas que existem para o consumo, já que o mercado está a contar com uma possível queda das vendas,» explica Óscar Marcos, analista da Merrill Lynch. A única empresa que se poderá livrar desta situação até agora, é a Inditex. O grupo referiu que apesar da crise, não prevê a redução das suas vendas durante este ano. O seu sistema flexível e a sua rápida resposta ao mercado parece jogar a favor da empresa galega, ainda que hajam vozes que se mostrem cépticas. «A crise afectará todos, incluindo a Inditex», disse um perito no sector. «A moda mais excessiva, que é a que a Zara vende, pode também tornar-se prescindível em momentos de incerteza,» afirma. A tragédia nas Torres Gémeas, não fez mais do que piorar a situação do sector. Hennes & Mauritz, a empresa sueca, assegura que espera cumprir as suas previsões para este ano, reconhecendo no entanto que a crise nos Estados Unidos fez com que as vendas aí, diminuíssem durante esses dias. O atentado afectou também algumas empresas espanholas, apesar de apenas as que têm interesses nos Estados Unidos. A Cortefiel perdeu desde o passado dia 11 de Setembro 22,5%. A Adolfo Dominguez conseguiu recuperar os sete euros (1.403 escudos) do dia 11, enquanto que a Inditex, que também baixou até ao mínimo anual depois do atentado (15,2 euros), encerrou com 18,5 euros (3.709 escudos).