As danças da Mahrla

Apaixonou-se pelas t-shirts personalizadas, mas acabou por se comprometer com vestidos minimalistas que gostam de rodopiar. Com a mudança de produto, também o nome foi alterado no cartório da moda nacional e, a outrora personaliTee é agora Mahrla. Já o rasgo criativo que a atravessa vem da mesma pessoa, Sílvia Pereira.

«A marca nasceu em agosto de 2012, inicialmente com o nome personaliTee, pois o projeto nasceu inicialmente com uma linha de t-shirts», recorda a fundadora Sílvia Pereira ao Portugal Têxtil, acrescentando que «com o crescimento da marca e a aposta em modelos cada vez mais distantes dos que inicialmente tinham ditado o seu nascimento, a mudança de nome impôs-se». Batizava-se, em setembro de 2015, a Mahrla.

A fundadora da Mahrla despediu-se, em 2014, do seu emprego para se dedicar 100% à marca, por isso, neste momento “faz tudo”: «as coleções, gestão, distribuição, marketing e comunicação da marca, entre outros», enumera.

Nativa digital, a marca soma mais de 13.200 seguidores no Facebook – morada na qual diariamente se reúnem clientes e curiosas, para conhecer as novidades de estética minimalista.

Nas palavras de Sílvia Pereira, o sucesso pode ser explicado pela aposta em «peças únicas, a um preço justo, com corte e design atrativos, qualidade de tecido e que permita às mulheres usarem-nas tanto com umas sapatilhas, como com uns saltos altos», e, talvez assim se explique o público-alvo eclético da marca.

«Tenho clientes jovens em início de carreira, raparigas modernas que gostam de partilhar o que usam no dia a dia e se identificam muito com a marca por também trabalhar com diversas bloggers, mas tenho também clientes que são mais discretas, mais velhas, que mesmo assim adoram o cair das peças», aponta Sílvia Pereira, que situa o target de idades entre os 21 e os 55 anos, «o que é bastante alargado».

Assumindo-se como uma pessoa «muito visual». Sílvia Pereira tem nas fotografias que tira o ponto de partida para cada coleção. «Sempre que pego na minha pasta-inspiração relativa à coleção que vou fazer a seguir, tenho uma panóplia de imagens… às vezes nem têm interligação nenhuma entre elas… mas é dali que acaba sempre por nascer alguma coisa», revela ao Portugal Têxtil.

Os amores de verão da Mahrla são a “It Queen Collection”, «que foi uma Spring Preview e da qual já há peças esgotadas e que não vou repetir», e a “Wanderlust Collection”, que «marca o High Summer, com peças já nitidamente mais verão».

Ambas as linhas apostam em peças fluidas e femininas, das quais se destacam os vestidos que parecem convidar o corpo à dança, mas também os tops, jumpsuits e t-shirts. «Uma das componentes da marca é também a exclusividade e nunca faço mais que três produções dos bestsellers», destaca Sílvia Pereira, que já está familiarizada com peças esgotadas.

O “fenómeno” é explicado pela fundadora, que apresenta o renovado interesse pelo “made in Portugal” como causa principal. «Há cada vez mais procura do que é feito cá. Há ainda um interesse crescente em saber o que está por trás da marca e eu tenho uma relação muito aberta com as minhas clientes. E o curioso é ter já muitas clientes fidelizadas. São poucas as que compram uma peça e nunca mais voltam e acho que isso é um bom sinal», admite.

Ainda que prospere em ambiente digital, a experiência de compra da Mahrla não se esgota entre cliques. «A marca está também presente em diferentes pontos de venda no país» e há, ainda, um espaço físico, no Porto, na calha. «Até ao final do mês vou finalmente abrir o showroom/loja oficial da marca», adianta.

Entretanto, no portal, as 30 a 35 encomendas mensais «muitas delas com mais do que uma peça» partem, também, para moradas internacionais. Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Espanha, Suíça e Luxemburgo já receberam peças Mahrla, sendo que o primeiro voo internacional da marca aconteceu no ano passado, «com uma encomenda de 25 peças para uma loja em Moçambique», conta a fundadora da marca.

A produção da Mahrla é endereçada ao norte do país e os principais materiais utilizados passam pelo neopreno, «dada a textura e corte que confere às peças. Além disso, a maior parte dos materiais com que trabalho é viscose e malha em que o cair privilegie sempre o corpo feminino», explica Sílvia Pereira.

A par do vestuário – que apresenta um leque de preços entre os 35 e os 60 euros –, as aventuras de Sílvia Pereira passam também pelos acessórios, tendo lançado recentemente, em conjunto com a irmã Rita Pereira, clutchs em pele. «As peças fazem parte do projeto #sisterstrouble, que foi inserido na marca, onde temos também lenços em cetim com padrões desenvolvidos por mim e que passam a posteriori para o tecido através do processo de sublimação», revela ao Portugal Têxtil.

Para o futuro, Sílvia Pereira pretende manter o nível de exigência a que se propôs, «ao qual as clientes já se habituaram, e conquistar ainda mais pessoas. Acho que a marca tem muito por onde crescer e a quem chegar», acredita.