As batalhas do 3D

À medida que o mundo se aproxima da sociedade pós-humana descrita pelo escritor William Gibson, a guerra da impressão 3D continua a motivar as mais originais táticas. A gigante desportiva alemã Adidas ganhou a mais recente batalha com a revelação das Futurecraft 4D – sapatilhas com entressola desenvolvida através do Digital Light Synthesis, um processo criado pela startup Carbon 3D que utiliza luz e oxigênio para fabricar polímeros a partir de partículas de resina.

Depois da revelação das 3D Runner em dezembro último, umas sapatilhas de 333 dólares (aproximadamente 312 euros) de edição limitada com uma entressola impressa a 3D, a Adidas decidiu dar o próximo passo.

Ainda que longe da ficção científica, na opinião dos analistas do portal de tendências WGSN, os mais interessantes projetos têm sido apresentados por empresas desportivas como a Adidas, Reebok ou Under Armour, que se esforçam por oferecer a tecnologia às massas.

Em março do ano passado, a Under Armour comercializou 96 pares Architech UA –umas sapatilhas de corrida com solas intermédias impressas com recurso à tecnologia 3D. Esta investida assinalou a chegada de calçado com componentes impressos em 3D (ver Under Armour no trilho do 3D) ao mercado de massas.

Apenas um mês depois, a New Balance lançou o seu modelo 3D para ser produzido com um utilizador final em mente: as Zante Generate, que a New Balance reivindicou serem as primeiras sapatilhas de performance a apresentarem uma entressola impressa a 3D (já com as Architech UA no mercado). A marca produziu 44 pares e vendeu-os exclusivamente na sua loja experimental em Boston, por 400 dólares.

Alguns meses antes das 3D Runner da Adidas, a Reebok juntou-se à contenda.

Desenvolvido pela equipa Reebok Future, o processo Liquid Factory usa software e robótica de ponta para desenhar sapatilhas a três dimensões. A nova técnica utiliza o 3D Drawing, onde um material líquido, criado especialmente para a Reebok pela empresa química alemã BASF, é usado para conceber componentes de forma limpa, precisa e em camadas tridimensionais. Esta técnica exclusiva é utilizada para criar pares totalmente únicos, sem recurso aos moldes tradicionais. A gigante do calçado desportivo produziu, entretanto, 300 pares das Liquid Speed, o modelo de performance vendido a menos de 200 dólares.

De regresso ao presente, a Adidas revelou que disponibilizará imediatamente 300 pares das Futurecraft 4D para amigos e familiares, com 5.000 pares subsequentes a darem entrada no retalho no outono-inverno 2017/2018. A empresa alemã não pretende parar por aí e tem planos para comercializar mais de 100.000 pares até ao final de 2018.

Ainda sem novidades do lado da Nike, 2017 está a revelar-se um ano emocionante para a tecnologia dinâmica e em constante evolução.