Em comunicado, a Comissão Europeia refere que a operação «não suscita preocupações em matéria de concorrência, dado o seu impacto limitado sobre a concorrência nos mercados em que as empresas operam».
Apesar da aprovação, a conclusão do negócio «continua sujeita a certas outras condições que o Richemont [que detém a Yoox Net-a-Porter] e a Farfetch estão a trabalhar para cumprir», pelo que será feito um outro anúncio «a seu tempo», refere um comunicado conjunto da Farfetch e do Richemont.
Sob os termos revelados em agosto de 2022, o Richemont vai vender uma quota de 47,5% na YNAP em troca de mais de 50 milhões de ações da Farfetch e a Farfetch pode comprar a quota restante na YNAP posteriormente.
De acordo com a Reuters, o negócio está, contudo, a ser complicado devido às dificuldades financeiras da Farfetch, que tem estado sob pressão numa altura em que os retalhistas americanos reduzem as encomendas e há mais inventário das marcas do que dos clientes grossistas, limitando a sua capacidade de atrair os consumidores com promoções.
Analistas do Bernstein indicaram, segundo a Reuters, que os problemas da Farfetch estão a levantar questões por parte do Richemont, que deverá transferir o seu negócio online para a tecnologia desenvolvida pela Farfetch e fornecer crédito no valor de 450 milhões de dólares.
As ações da Farfetch perderam mais de 90% do seu valor nos últimos dois anos, com a sua capitalização no mercado a cair de 26 mil milhões de dólares para pouco mais de mil milhões de dólares.
A empresa liderada por José Neves registou, no segundo trimestre deste ano, prejuízos de 281,3 milhões de dólares (cerca de 258 milhões de euros), em comparação com os lucros de 67,6 milhões de dólares no mesmo período do ano passado. Para o resto do ano, a Farfetch espera um crescimento do volume de negócios para cerca de 2,5 mil milhões de dólares.
Analistas do Citi consideram que a aprovação do negócio pela UE marca «um pequeno ponto positivo», mas sublinham que «permanecem algumas incertezas», nomeadamente as relacionadas com a queda acentuada das ações da Farfetch face à altura em que o acordo foi anunciado.
Os problemas da Farfetch «podem ter efeitos de onda numa indústria já em sofrimento», destaca o Bernstein, já que mais de 500 boutiques italianas dependem da plataforma e os grandes armazéns Harrods e Bergdorf Goodman dependem da sua tecnologia.