A recessão atingiu os retalhistas de vestuário e os seus fornecedores de maneiras diferentes. Embora se tenha verificado a quebra das vendas no retalho ocidental, nem todos os países produtores acompanharam esta tendência. Muitos dos produtores menos proeminentes da ásia estão a registar fortes diminuições nas exportações, mas no resto da região, as exportações estão a crescer. Segundo Mike Flanagan, director-executivo da Clothesource Sourcing Intelligence, um gabinete de consultoria inglês especializado em vestuário, o que realmente influencia o sucesso dos produtores é a sua capacidade de conquistar vantagem no ambiente actual. «O afundar das vendas a retalho nos Estados Unidos está a originar uma redução nas encomendas de exportação de vestuário no Bangladesh», refere o Fundo Monetário Internacional (FMI), com sede Washington, no seu relatório de Maio. Anteriormente, o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) previu que, a preços constantes de 2004, o total das exportações asiáticas de têxteis e vestuário iam cair cerca de 8 mil milhões de dólares em 2009. é uma conquista encaixar tantos equívocos em duas frases. Mas muita gente, que deveria saber melhor, ainda acredita que os produtores asiáticos de vestuário vão registar uma quebra nas suas vendas deste ano. Então vale a pena olhar mais atentamente para a reivindicação específica do FMI sobre o Bangladesh. Em primeiro lugar, as vendas norte-americanas de vestuário não estão a «afundar». As vendas de vestuário nos EUA caíram 6,5% em Abril em relação ao ano anterior, levando-as para o mesmo nível registado em 2006. E, quando comparadas com as vendas de automóveis, casas ou viagens de avião, este valor é ainda muito saudável. Contudo, diversos retalhistas especializados em vestuário estão a perder o controlo sobre uma parte do mercado. Na Wal-Mart, o maior retalhista norte-americano de vestuário (com aproximadamente o dobro das vendas de vestuário da Gap, o maior retalhista especializado do país), as vendas estão realmente a crescer. A procura europeia A maioria das exportações de vestuário do Bangladesh não vão para os EUA, vão para a Europa, onde obviamente a quota de mercado do país está a crescer. Entre os principais produtores de vestuário internacionais, o Bangladesh é o mais barato e, quando as coisas ficam difíceis, os fornecedores com o custo mais baixo são privilegiados. As exportações de vestuário do Bangladesh aumentaram, em relação ao ano passado, ao longo de todos os meses de 2009 até Abril. No entanto, é perfeitamente possível que o Bangladesh não sustenha este crescimento nas exportações de vestuário. Com o aumento do desemprego em todo o mundo desenvolvido, as vendas de vestuário são susceptíveis de diminuir durante algum tempo. Mas: • As vendas diminuem de forma diferente consoante o país (os dados oficiais mostram que o número de roupas vendidas pelos retalhistas britânicos está actualmente a aumentar em relação ao ano anterior, devido ao colapso dos preços). • A abolição definitiva das quotas anti-China nos EUA está a dificultar a vida para os exportadores não-chineses. À medida que os importadores norte-americanos se começaram a aperceber que estas quotas não vão regressar, a quota da China começou a aumentar e, em Abril, as exportações do Bangladesh para os EUA começaram a cair. • Concorrentes asiáticos ao Bangladesh – pelo menos os da índia, Sri Lanka, Indonésia e Vietname – estão a aumentar a concorrência. Por conseguinte, é possível que as exportações de vestuário do Bangladesh caiam no futuro. Mas a queda nas vendas da loja da Gap próxima da sede do FMI, não significa que as vendas estejam também a cair nas lojas da Inditex, Primark, Uniqlo ou H&M (ou Asda ou Aldi) em Londres, Paris, Roterdão ou Tóquio. Ou mesmo que poderão vir a cair. Na segunda parte deste artigo, o director-executivo da Clothesource Sourcing Intelligence analisa as razões que se encontram na base destas diferenças de desempenho.