Aposta ganha

Envolto em grandes expectativas, o Fashion Rio parece ter sido aprovado com distinção, ao demonstrar organização e profissionalismo, muito graças à nova direcção e localização que deram um novo fôlego ao evento. Sim, o Píer Mauá está para o Fashion Rio, assim como a Bienal está para o São Paulo Fashion Week», afirmou Paulo Borges, novo director do evento, que se desenhou nesta edição por entre a sobriedade do preto e branco e a extravagância e o colorido da "pop-art", as principais tendências para a próxima estação quente. Na passerelle, Walter Rodrigues apostou no branco e no preto, através de uma colecção sóbria que privilegiava sobretudo a sobreposição de peças. Por seu lado, Luciano Canale para a marca Santa Ephigenia inspirou-se na artista plástica japonesa Yayoi Kusama, um dos expoentes máximos do movimento pop art no mundo. O universo imaginário de Kusama – que tomou a decisão de se internar num centro psiquiátrico por vontade própria para tratar um transtorno obsessivo compulsivo – foi a base para a criação de peças cheias de cor e brilho, mas sempre com cortes simples», salientou Canale, cujos vestidos pareciam retirados dos anos 60. Na realidade, indumentárias que faziam lembrar décadas passadas foram um dos pontos altos dos desfiles do Fashion Rio, nos quais as modelos tiveram de colocar em prática toda a sua habilidade para não cair numa passerelle escorregadia. Tal aconteceu no desfile da estilista Juliana Jabour, cujos saltos agulha – presentes em várias composições – fizeram muitas modelos perderem o equilíbrio. Para além das quedas, a colecção de Jabour inspirou-se nos anos 80 para apresentar peças com ombros marcados, volume e cores fluorescentes. O conceito de tempo – passado e futuro – foi também a principal fonte de inspiração para a colecção da Filhas de Gaia. Os estilistas da marca jogaram com esta ambivalência temporária em padrões modernos sobre tecidos tecnológicos que, por sua vez, apresentavam um aspecto, um tanto ou quanto usado. Relativamente aos doze integrantes do Prémio Rio Moda Hype, não decepcionaram o público ao apresentar colecções originais e com um cartaz de tons sofisticados, dignos da alta-costura. Entre os destaques, estiveram os nomes de Fernanda Yamamoto, que se inspirou na pesca e geometria, apresentando vestidos curtos e retalhados. Vitorino Campos: estreou-se no evento com vestidos assimétricos, pregueados e drapeados, enquanto que Stefania apostou em vestidos compridos, sempre abaixo do joelho, de uma elegância extrema. Este evento demonstra que o Rio de Janeiro continua a ser a porta de entrada do Brasil e, por isso, é necessário cada vez mais a revitalização do Píer Mauá», revelou Paulo Borges, acrescentando que o volume de negócios fechado no Fashion Bussiness atingiu valores históricos. A 14ª edição do Fashion Business, que apresentou a colecção Primavera-Verão 2009-2010, entre os dias 7 e 10 de Junho, registou um volume de vendas para o mercado interno 4% superior à edição de Junho de 2008, passando de 443 para 461 milhões de reais. Consideramos tal resultado muito positivo, já que na edição passada, antes da crise, o balanço já havia sido excepcional. Mas, o desempenho das exportações foi ainda mais surpreendente, passando dos 16 milhões de dólares em Junho de 2008, para 21 milhões de dólares nesta edição». Segundo João Paulo Alcântara, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) do Sistema Firjan, o maior número de compradores internacionais ajudou nesse resultado. Foram 45 convidados e 53 espontâneos, representando 28 países, cujos campeões de encomendas foram a Grécia, Portugal e Espanha», concluiu.