António Salgado aposta na marca

A vontade de inovar, aliada ao know-how e à presença desde 2013 na feira de têxteis-lar Heimtextil permitiram à António Salgado enveredar por um caminho de crescimento ano após ano. Para 2017, estão já na calha novos projetos, onde se inclui o lançamento de duas marcas próprias.

Fundada em 1998, a empresa familiar, que além do próprio fundador epónimo, António Salgado, conta com o envolvimento da esposa Carla e dos filhos João e Pedro, está especializada em artigos de têxteis-lar como colchas, lençóis e acessórios de gama média-alta, com uma produção média mensal de 10 mil peças que saem dos 12 teares e das mãos dos 40 funcionários que emprega.

«Aquilo que nos vai diferenciando é estarmos sempre a inovar, a apresentar novos produtos, porque hoje a necessidade dos clientes não é grandes quantidades, mas sim novidades», explicou António Salgado em entrevista publicada na edição de julho/agosto do Jornal Têxtil, sublinhando que o mercado «suporta pequenas quantidades, entregas rápidas e novidades constantes».

Espanha (que representa 10% a 15% das vendas), Inglaterra. Holanda, França, Itália, Rússia, Países Nórdicos e EUA são os principais mercados da António Salgado, com este último a ter surgido já em 2016.

A diversificação das exportações, que respondem por 95% das vendas da empresa, faz parte da estratégia delineada desde cedo. «Não estamos em força num só país, também não queremos», referiu António Salgado. A justificação, apontou o filho João Salgado, está também na resposta à sazonalidade. «Ao entrarmos em vários mercados, vamos começar a evitar isso. Quando num sítio é verão, noutro é inverno», afirmou. «A ideia é ter vários clientes em várias latitudes. Às vezes uns países hoje estão bem e amanhã estão mal, como é o caso do Brasil, da Rússia», acrescentou António Salgado.

Com um crescimento constante desde 2013, tendo atingido, em 2015, um volume de negócios de 2,5 milhões de euros, que poderá ter chegado aos 3 milhões de euros no ano passado, desde 2012 a António Salgado investiu 3 milhões de euros na atualização da tecnologia e, para os próximos 12 meses, há novos investimentos previstos. «A curto prazo temos necessidade de consolidar mercados e consolidar a nossa estrutura, que foi um investimento grande. A longo prazo andar sempre atual no mercado, renovando máquinas», afirmou António Salgado.

Os objetivos da empresa passam ainda pelas marcas próprias, que devem chegar este ano. «Estamos a tentar criar duas marcas: uma no segmento médio/baixo e outra para o segmento médio/alto. Pensamos lançá-las a partir de 2017», revelou o fundador da empresa.

Com uma história ligada ao universo têxtil praticamente desde que nasceu – aliás, foi precisamente em 1962 que os seus pais fundaram a empresa familiar que chegou a liderar –, António Salgado não podia deixar de acreditar no futuro da indústria em Portugal. «Acredito no futuro não só do têxtil-lar, mas de todo o têxtil português. Por várias razões. Primeiro porque a mentalidade dos consumidores cada vez mais acredita em nós e já não está muito vocacionada para a Ásia. Já não é só o fator preço, o “made in Portugal” que importa», afirmou. No entanto, destacou, «Portugal devia ter algo que nos evidenciasse mais lá fora. O Cristiano Ronaldo sozinho o que é que faz? É um fenómeno. Já temos uma Lasa, uma Lameirinho, mas nós, empresas mais pequenas, temos também que ter uma marca com força», concluiu.