António Manuel de Sousa prepara estreia na Medica

Lançada no ano passado, a marca HatDoc, dedicada a toucas para profissionais de saúde e de outras áreas, irá estrear-se em novembro na Medica. Uma aposta da António Manuel de Sousa, que tem regressado aos certames internacionais e recuperado o negócio dos acessórios de pescoço.

Ana Lisa Sousa

Para Ana Lisa Sousa, sócia-gerente da António Manuel de Sousa, «uma vez que a HatDoc foi uma marca criada em plena pandemia e, numa altura em que tanto se fala de sustentabilidade, fazemos a reutilização dos tecidos que estão em stock, fará sentido experimentar uma feira médica com um artigo, para as pessoas banal, mas que mais ninguém tem».

A Medica, considera, «é uma feira de referência» e tendo em conta o conceito da HatDoc – toucas pensadas para serem usadas por médicos, dentistas, veterinários e outros profissionais, feitas em tecidos estampados de poliéster, para permitir lavagens a 60 ºC – será sempre «uma mais-valia, porque vamos com um produto que ninguém tem e que usa aquilo que temos em stock em termos de tecidos».

Este lado sustentável da HatDoc esteve recentemente em destaque no iTechStyle Green Circle, patente no Modtissimo, numa reinterpretação do designer Dino Alves, que usou as toucas para criar uma espécie de burca. «Fiquei muito surpreendida com o uso que ele deu, quase que nem reconheci o produto», confessa Ana Lisa Sousa.

Regresso às gravatas

O negócio para a área médica surgiu na António Manuel de Sousa no ano passado, quando, face à redução de encomendas provocada pela inexistência de cerimónias e de trabalho presencial em escritório, a empresa instalada no centro do Porto teve de ir por outros caminhos, nomeadamente as máscaras sociais e as toucas. «No ano passado virámo-nos para as máscaras, como toda a gente, mas não correu mal, ainda tivemos uma boa faturação», assume a sócia-gerente.

Este ano, ainda «temos um bocadinho de máscaras», mas a expectativa é «igualar ou conseguir aumentar o volume de negócios» sobretudo graças à recuperação do negócio dos acessórios de pescoço.

No mercado nacional, o regresso das cerimónias tem sido o grande impulsionador. «Como tem havido casamentos sete dias por semana, que era algo que não havia, isso faz com que o uso da gravata, dos coletes e dos laços esteja mais implementado e haja uma procura», revela Ana Lisa Sousa. «Por outro lado, mesmo os nossos clientes internacionais têm voltado e colocado encomendas», refere.

A António Manuel de Sousa tem, de resto, retomado a presença em feiras internacionais com esta área, tendo-se estreado na Pitti Uomo no verão passado com a marca de acessórios de pescoço Vandoma. «Foi uma feira diferente, com muito menos gente, quer em expositores, quer em visitantes. Mas teve o glamour dos dandies e de todos aqueles homens bem vestidos, o que foi engraçado», indica. E embora em termos de encomendas não tenha sido muito profícuo, «é uma referência estar na Pitti e foi uma experiência positiva», considera a sócia-gerente.

Por isso mesmo, a António Manuel de Sousa deverá estar de volta a Florença em janeiro, privilegiando a Pitti Uomo em detrimento da Pitti Bimbo, dedicada à moda infantil. «O nosso foco principal é o homem. A partir do momento que entrámos na feira de homem, faz todo o sentido estar aí, porque, essa sim, é a nossa atividade principal. Quando havia duas edições distintas da Pitti Uomo e da Pitti Bimbo, fazia sentido estar nas duas edições. Estando as duas edições juntas, a Pitti percebe que é um disparate estarmos com dois stands, até porque não temos estrutura. Eles aceitam que possamos vir mencionados nos dois catálogos, mas só estamos numa das feiras e será a Pitti Uomo, porque homem é muito mais importante do que criança», resume Ana Lisa Sousa.

O próximo ano é abordado de forma positiva pela António Manuel de Sousa, sobretudo numa altura em que o seu modelo de negócio está cada vez mais alinhado com as expectativas dos clientes. «Sempre vendemos para entregar agora e nunca conseguimos apresentar coleção para só entregar daqui a uns meses. Essa flexibilidade e o serviço que temos de entregar rapidamente e sem quantidades mínimas tem sido uma mais-valia, porque agora, nota-se cada vez mais, os clientes compram aquilo que precisam naquele momento», explica Ana Lisa Sousa. «Sou sempre otimista e estou otimista que até ao final do ano vai correr bem», conclui.