A iniciativa da Agência Nacional de Inovação (ANI) tem como objetivo distinguir as melhores ideias de negócio provenientes de instituições portuguesas de ensino superior. A concurso estiveram 30 ideias de negócio, divididas por quatro categorias: Saúde e Bem-Estar; Turismo, Indústrias Culturais e Criativas; Recursos Naturais, Ambiente e Alterações Climáticas; e Materiais e Tecnologias Avançadas de Produção.
Dessas três dezenas de ideias, uma destacou-se em cada uma das categorias. No âmbito de Materiais e Tecnologias Avançadas de Produção, o vencedor foi o projeto Nautilus, que consiste numa tenda biónica pensada para ajudar refugiados mas que pode também ser comercializada para o público em geral. O projeto, que tem como autoras Inês Secca Ruivo e Cátia Bailão Silva, nasceu da tese de mestrado desta última e deverá estar no mercado em 2022.
As tendas Nautilus, além de serem facilmente transportadas, incorporam « um novo material com propriedades hidrófilas e hidrófugas que permite a coleta, recuperação e conversão de névoa em água, bem como o seu armazenamento, tratamento e transporte para posterior consumo», explica o artigo publicado pela Universidade de Évora. A tenda, que pode albergar uma ou duas pessoas, tem montagem e desmontagem fácil e é facilmente transportável, graças às suas alças ergonómicas.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o número de refugiados registados ultrapassou os 70 milhões de pessoas no ano passado – um recorde nos últimos 20 anos. Essa situação tem provocado uma falta de abrigos e «teme-se que os 20 litros de água limpa e segura que, pelas normas internacionais, devem ser assegurados aos refugiados, deixem de estar garantidos», um problema cuja resolução poderá passar pelas tendas Nautilus.
Da osteoartrose à cloud
Na categoria Saúde e Bem-estar, o vencedor foi o projeto PXA4, que poderá travar o avanço da osteoartrose, a forma mais comum de artrite, que atualmente afeta 90 milhões de pessoas em todo o mundo – um número que deverá aumentar para 130 milhões de pessoas em 2050.

O PXA4, desenvolvido por uma equipa de alunos e docentes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, ativa o mecanismo celular que trava a evolução dos danos causados pela idade. O comporto natural foi testado in vitro com bons resultados e atualmente estão a ser desenvolvidos estudos pré-clínicos de segurança e eficácia e em várias aplicações, a que se seguirão testes em animais.
O projeto AgroGrin Tech venceu na categoria Recursos Naturais, Ambiente e Alterações Climáticas. Uma equipa de investigação da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa do Porto criou uma técnica “amiga do ambiente” que transforma o desperdício em novos produtos a serem reintroduzidos na agroindústria. Esta equipa fez já um trabalho com a empresa Nuvifruits, que gera anualmente 385 toneladas de desperdício. Os números mostraram que a transformação de casca de ananás em produtos como enzimas ou farinhas, que podem ser vendidos ao sector agroalimentar para alimentação animal, poderá gerar um retorno de um milhão de euros. A investigação «está atualmente focada na indústria da fruta, mas futuramente, a tecnologia, já patenteada, pode ser aplicada a outras áreas do setor alimentar», aponta o comunicado.

Já o projeto BackBone arrecadou a distinção máxima na categoria Turismo, Indústrias Culturais e Criativas. Concebido na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, o BackBone consiste numa plataforma online pensada para capacitar jovens entre os 15 e os 30 anos a desenvolver as suas competências sociais através de iniciativas coletivas de aprendizagem experiencial. Segundo a descrição do projeto, «os serviços da BackBone (experiências criadas em conjunto, eventos, masterclasses, formação de equipas, mentoria, entre outros), direcionados a pessoas ou empresas, contribuirão para a criação de uma comunidade de jovens com ideias próprias e fortalecerão as competências pessoais mais valorizadas no atual mercado do trabalho».

Estes quatro vencedores irão juntar-se aos vencedores da edição do ano passado no programa de aceleração em ciência e tecnologia “BfK Rise”, também da responsabilidade da ANI. O programa tem ainda candidaturas abertas até 15 de novembro, tendo três edições previstas – no Norte, no Centro e no Alentejo – em que os participantes terão o acompanhamento, ao longo de três meses, de uma rede de mentores. «O objetivo é capacitá-los de forma a poderem acelerar o processo de transferência de conhecimento em produtos ou serviços para o mercado», resume a ANI.