Há muito que a AMR deixou de lado os catálogos físicos e usa apenas catálogos digitais para mostrar as suas novas propostas aos clientes. O próximo passo está a ser dado atualmente, com a construção de uma loja online, que deverá ficar operacional em breve. «Para já estamos a fazer [a loja online] só para hotelaria, porque achamos que é mais básico. Escolhe o tecido, a confeção poder ser lisa ou ter um pequeno apontamento, nada é mais fácil, portanto, queremos começar pelo que é mais fácil, ver o resultado para depois podermos avançar para outro patamar, o patamar dos jacquards, das colchas e das mantas», revela Ana Maria Ribeiro.
A CEO reconhece que «nem sempre é fácil» avançar no online na área dos têxteis-lar, porque «as pessoas veem o tecido e acham bonito, mas não tem toque». No entanto, e face à situação do mercado, «temos de dar o salto, temos que aumentar o esforço de marketing, fazer mais no digital», afirma ao Jornal Têxtil.
A AMR, que vende em private label assim como com as marcas próprias Mia Zarroco, PortugalHome, PortugalHotel e Premhyum for Hotel by AMR, vocacionadas para diferentes segmentos de produto, cresceu no ano passado, tanto face a 2019 como a 2020. Um crescimento que se fez com os “velhos” clientes, mas também com novos contactos. «Tivemos encomendas de empresas que nos visitaram em feiras, mas que nunca nos tinham comprado e que acharam que, mesmo não vendo, podiam confiar em nós», adianta Ana Maria Ribeiro.
A desconfiança face à Ásia, especialmente da China, também contribuiu para este crescimento, nomeadamente no que diz respeito aos EUA, o principal mercado da AMR, seguido da Austrália, Nova Zelândia, França e Áustria. «Os impostos que o governo americano impôs às importações chinesas fez com que o mercado voltasse à Europa. Temos vários clientes americanos que fizeram encomendas maiores e outros vieram novamente», indica a CEO.
Valorizar o made in Portugal
Para 2022, Ana Maria Ribeiro assume-se como uma «realista/otimista» e, por isso, acredita que «uma pessoa tem que ter capacidade de adaptar-se e reagir. E, talvez porque não somos uma grande empresa, temos essa capacidade. Estamos muito atentos às notícias, muito atentos às mudanças que existem hoje em dia e, porque somos bastante flexíveis, tentamos reagir rapidamente», explica. «Também temos uma boa relação com os nossos clientes e os nossos clientes têm entendido isso, ou seja, apesar dos preços estarem a aumentar, não diminuímos a qualidade – a nossa qualidade mantém-se em todos os aspetos, não só nos tecidos, como nos acabamentos, na confeção, em tudo. Satisfaz-nos que o cliente muitas vezes nos diga “preferimos continuar convosco porque conseguimos comprar de olhos fechados”», acrescenta.
Desde o início do ano, a empresa, tal como quase todas as outras da indústria têxtil e vestuário, tem vindo a fazer a revisão dos preços. «Hoje em dia estamos a dar preços com validade de 10 dias, mais ou menos», afirma a CEO, acrescentando que os valores têm subido «entre 10% e 15%, dependendo do produto». Uma situação que só terá fim quando houver estabilidade no sector energético. «Se tivermos uma estabilidade no plano energético, [a estabilidade nas] outras coisas [transportes, matérias-primas] vem por acréscimo», acredita.
Quanto ao futuro do sector, «acho que ainda há muito caminho a fazer e há boas perspetivas para Portugal», apesar das dificuldades impostas, por exemplo, pela inexistência do cultivo de algodão no país, que o torna menos competitivo, em termos de preço, face a países como a Turquia e o Paquistão. «É preciso encontrar clientes que saibam valorizar a diferença de um tecido turco ou de um tecido paquistanês para um tecido português», resume.
Uma diferença que a AMR faz questão de vincar. «Temos uma coisa que, para nós, é fulcral, que é tudo totalmente feito em Portugal. Não fazemos nada com produção que venha da China ou do Paquistão, só 100% português», sublinha Ana Maria Ribeiro. Aliás, refere, «não é necessário só ter bons clientes, é preciso ter bons fornecedores também. É preciso haver uma parceria», considera a CEO.