O Modern Slavery Index 2016, promovido pela Verisk Maplecroft, revela que a escravatura moderna constitui um risco “elevado” ou “extremo” em 115 países – com os produtores de commodities da Ásia, África e países de indústria transformadora a apresentarem um grande desafio para entidades como o Modern Slavery Act do Reino Unido. Outros países listados com “risco extremo”, ao lado de Índia e da China, incluem os hubs de recursos naturais da República Democrática do Congo, Irão e Costa do Marfim.
No ranking, apenas quatro principais economias ocidentais – Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e Finlândia – surgem classificadas com “baixo risco”. O Reino Unido, de resto, está classificado em 187º na lista de 198 países do índice. Várias economias europeias, como a Suécia, França e a Irlanda, estão também próximas da categoria.
O ranking, desenvolvido nos últimos 12 meses, recorreu a múltiplas bases de dados para aferir o risco à escala global. Apesar de a maioria das empresas multinacionais ter em vigor diferentes sistemas que garantem que a escravatura não ocorre entre os seus fornecedores de primeira linha, a Verisk Maplecroft sublinha que os alertas que emergiram durante as pesquisas expõem a extensão dos desafios enfrentados pelos elos mais fracos da cadeia de aprovisionamento, ao nível das commodities e de subcontratados.
Enquanto isso, o Reino Unido vai liderando o caminho na regulamentação sobre escravatura moderna. O Modern Slavery Act força as empresas do Reino Unido (e internacionais) que fornecem bens ou serviços dentro do país a divulgarem que medidas estão a adotar para erradicar a escravatura nas suas cadeias de aprovisionamento.
A recente criação de uma entidade governamental que forma as forças policiais para que estas possam identificar e investigar crimes relacionados com a escravatura é outro dos fatores-chave para a boa performance do país dentro desta problemática.
De acordo com a investigação, a União Europeia como um todo é avaliada com “risco médio”.
A performance da região é em grande parte explicada pela crise de refugiados e pela subsequente exploração dos migrantes. «Ver países com legislação mais avançada a enfrentar dificuldades no erradicar completo da escravatura mostra os desafios que os governos em regiões menos desenvolvidas enfrentam», afirma Alex Channer, especialista em direitos humanos, acrescentando que «muitos dos países de maior risco têm quadros legais em vigor, mas considerando a falta de recursos e a corrupção generalizada, a execução de tais leis pode ser minada».
Em junho, o Global Slavery Index 2016, publicado pela organização não-governamental Walk Free Foundation, divulgou que a Ásia, a região mais populosa do mundo, domina os rankigs da escravatura moderna, com cerca de dois terços da população submetidos.
No início de 2016, outro relatório da Verisk Maplecroft destacou que, apesar de anos de ação para eliminar o trabalho infantil, as empresas que aprovisionam algodão nalguns dos maiores produtores do mundo ainda enfrentam um risco significativo de associação ao trabalho infantil.