Criada pelo laboratório e espaço criativo Adtech, a nova plataforma digital da Adalberto traz mais do que se vê à primeira vista. A solução, que foi lançada oficialmente no final de setembro, permite aos clientes ver a coleção, selecionar os favoritos e pedir amostras. «É uma forma mais interativa de ver a coleção e um processo mais ágil de fazer pedidos dos desenhos que gostam», afirma o diretor de inovação Hugo Miranda.
Lado a lado com esta vertente mais «tradicional», contudo, a empresa está a desenvolver uma componente ligada à inteligência artificial (IA) que permite analisar as opções dos clientes e fazer sugestões de acordo com as suas preferências. «Fazemos uma espécie de perfil para o cliente, conforme sabemos o que ele costuma procurar, e vão aparecendo imagens. Temos mais de 70 mil fotografias – se apresentássemos tudo ao cliente da mesma forma era um problema», explica ao Jornal Têxtil.
O laboratório Adtech está dividido em três áreas: Creators Lab, Sci-fi Lab e Tomorrow Lab. No primeiro, o design tem primazia, com a divulgação de tendências e propostas para os clientes, com a criação inclusive do storytelling. Na primeira coleção afeta a esta área, o zodíaco foi o tema. Em termos tecnológicos, a empresa criou um “jogo”, com mensagens de tarot, a que se juntou ainda a realidade aumentada (AR), com os desenhos estampados a ganharem vida com o Instagram. «Faz o reconhecimento da imagem e depois ativa uma animação em cima do desenho», revela Hugo Miranda, que aponta que mesma tecnologia pode ser usada, «por exemplo, para a rastreabilidade ou para fornecer informação sobre a quantidade de água gasta na produção da peça».
Do design…
A coleção foi ainda elaborada inicialmente apenas com recurso ao digital. «Digitalizámos a própria malha», sublinha o diretor de inovação. «Num processo normal, fazíamos três ou quatro amostras para ajustar o molde, colocar o estampado como queremos. Aqui fizemos toda a digitalização, vimos o que gostávamos ou não, e quando foi aprovado é que fizemos a peça final», destaca, referindo poupanças de materiais e de tempo, conseguidas graças à digitalização das malhas. «Colocámos a seguir os estampados e o cliente consegue ver como vai ficar a nível de aspeto. Claro que depois há uma amostra física, para tocar, mas inicialmente é possível ver o produto sem que haja gasto de material e permite acelerar o processo», adianta.
A área da sustentabilidade está a ser trabalhada pela Adalberto em diferentes vertentes, inclusivamente associada ao Tomorrow Lab. «A coleção que preparámos é 100% biodegradável, incluindo as linhas de confeção, e com zero plástico. A ideia do Tomorrow Lab é conseguirmos fazer a rastreabilidade de todas as peças – por exemplo, usámos micromodal e sabemos de que floresta vem a polpa de eucalipto utilizada para fabricar a matéria-prima, onde foi realizada a fiação, tecelagem e também a estamparia», enumera o diretor de inovação. O acesso a esta informação está a ser dado aos clientes e «queremos que as marcas deem acesso a essa informação aos consumidores. Estamos até a criar processos digitais internamente para ser possível calcular a pegada ecológica», admite Hugo Miranda.
Uma terceira área, batizada Sci-fi Lab, está a dar asas à inovação, com a utilização de, por exemplo, fibras de carbono ou o desenvolvimento da tecnologia de acabamento que está a ser usada nas máscaras.
…à produção digital
Os projetos digitais não se ficam por aqui e na calha está já a digitalização dos processos produtivos e a utilização mais vasta de inteligência artificial. «Estamos a digitalizar as máquinas, a meter sensores para conseguir fazer os cálculos da pegada ecológica em cada processo – é uma tendência. Temos também coisas de suporte à inteligência artificial, estamos a trabalhar em algoritmos e daqui a algum tempo vamos apresentar uma coleção inovadora, já usando tecnologia artificial», desvenda o diretor de inovação.
Uma aposta forte que, segundo a CEO Susana Serrano, vai ao encontro dos valores de base assumidos pela Adalberto, que este ano deve fechar com um volume de negócios a rondar os 30 milhões, um valor superior ao do ano passado. «O Adtech foi desenvolvido em cima destes três pilares: inovação, sustentabilidade e responsabilidade social. A Adalberto tem 51 anos e não pode estar a fazer hoje o mesmo que fazia há 10 ou há 20 anos. Ou nos antecipamos às necessidades do mercado ou deixamos de existir. Nós estamos a antecipar-nos, é isso que estamos a fazer», resume.