Embora o desenvolvimento da tecnologia esteja ainda na sua fase inicial, Natacha Alpert, diretora e curadora da feira 3D Print Fashion Show, que teve lugar a 16 de abril, em Nova Iorque, prevê que, em 10 ou 15 anos, os consumidores vão ser capazes de customizar completamente o seu vestuário e imprimi-lo em casa. «Atualmente é uma nova tecnologia, por isso as pessoas não conseguem realmente imaginar o significado disto a longo prazo, tal como há 20 anos as pessoas nunca imaginaram que houvesse o Facebook ou o Instagram», explica. «Em breve, as pessoas serão capazes de fazer uma digitalização do seu pé, criar um desenho em casa e depois imprimi-lo. Isso irá afetar os papéis em toda a cadeia de aprovisionamento», acrescenta.
O trabalho nas empresas e a forma como os consumidores fazem compras sofrerão, por isso, alterações radicais. «As marcas têm identidades fortes, por isso no futuro irão existir para oferecer mais um serviço de design com a sua identidade. Vão oferecer designs 3D que podem ser comprados e descarregados pelos consumidores, que podem depois produzi-los nas suas próprias casas», defende.
Mike Fralix, presidente e CEO da [TC]², uma empresa de consultoria e investigação que está a ajudar as empresas a explorar a impressão 3D, sublinha que a moda já começou a usar a tecnologia. A produtora de calçado de outdoor Timberland usa a impressão 3D para criar protótipos de solas de sapatos, a Nike está a testar a impressão de chuteiras de futebol de alta performance para atletas e a empresa Continuum Fashion desenvolveu um biquíni 3D feito com poliamida, cujas peças se juntam sem qualquer costura.
«Agora pode ter-se um ficheiro 3D enviado para uma impressora 3D em qualquer local do mundo. Reduz o ciclo de produção para apenas algumas horas em vez de semanas e meses», destaca Fralix. Outro benefício da tecnologia é os poucos resíduos que gera. «Na produção de vestuário, há pelo menos 10% a 15% de desperdício de material. Com a impressão 3D este desperdício pode ser reduzido porque nada é deitado fora», acrescenta.
A lista de materiais que podem ser impressos expandiu-se de apenas plásticos e borrachas para incluir poliamida, madeira, couro e alguns metais como titânio, ouro e prata. «Prevejo o dia em que vamos ter nanopartículas de fibras que podem ser impressas em 3D para criar peças completas de vestuário que terão o toque de algodão ou lã», prognostica Fralix.