A nova vertente da Amilod Zareg

A pensar numa forma de adaptação face à nova realidade do mercado, condicionado pelos efeitos da pandemia, a marca feminina disponibiliza agora máscaras reutilizáveis que prometem divertir tendo em conta as preocupações ecológicas do meio ambiente.

O nome nasceu de uma brincadeira que “virou ao contrário” a freguesia de onde é natural Marlene Torres, criadora e designer da marca que surgiu em 2008. Geraz do Lima, originou então o inverso Amilod Zareg.

Inicialmente, a marca possuía a própria loja no Centro Comercial Bombarda, que mais tarde deixou de existir, e migrou para o conceito de atelier à porta fechada no centro do Porto, que permite desta forma proporcionar um atendimento personalizado às clientes, uma das características do modelo de negócio.

«A Amilod Zareg sempre se dedicou a vestuário feminino, vestuário personalizado e peças feitas por medida para momentos especiais. [A pandemia], como em todos os negócios, acabou por alterar bastante até porque um dos públicos-alvo que eu costumo trabalhar, que tem a ver com a parte de eventos especiais como as noivas, acabou por este ano haver essa alteração, como tudo ficou estagnado», conta Marlene Torres ao Portugal Têxtil. «Mas, em simultâneo, está-me a fazer também abranger outras áreas que nunca tinha explorado e noutras vertentes. Por isso, está-me a criar novas oportunidades e uma forma diferente de trabalhar a marca», destaca.

O mais recente projeto da criação das máscaras, tanto para criança como para adulto, ilustra precisamente esta linha de pensamento, que reflete na prática o exemplo de uma nova oportunidade. «A ideia das máscaras surgiu do facto de ser mãe e como também parte do meu público neste momento é mãe, havia aquela necessidade de oferecer algo especial e engraçado aos nossos filhos, por terem de usar algo tão pesado como uma máscara. Tentei dar um ar mais divertido e ligar esse lado das peças mais especiais», explica a designer.

Marlene Torres

Além de se assumir como uma marca «delicada, confortável e feminina», a Amilod Zareg preocupa-se também com a temática da sustentabilidade, outra das razões pela qual decidiu criar máscaras reutilizáveis. «Sempre houve aquela preocupação de, se possível, utilizar materiais naturais, que sejam biodegradáveis. Eu tento sempre, quando estou à procura da matéria-prima, ter essa preocupação. Tem a ver com o facto de que quando crio uma peça, tento fazer com que ela não faça parte de uma coleção estática, mas que seja sim uma peça intemporal que se possa adaptar e ter um ciclo de vida mais longo. Não é só a tal preocupação como mãe do criar algo engraçado, mas também tem a ver com esse lado que é reutilizado», revela Marlene Torres, sublinhando que é necessário sensibilizar as pessoas e desmistificar a ideia incorreta de que só as máscaras descartáveis são «frescas» para a estação quente, uma vez que existe equipamentos de proteção reutilizáveis «com materiais incríveis, nos quais se respira muito bem».

«Tudo é descartável»

As máscaras da marca, cujas peças são «mais do que uma obra de arte», estão disponíveis no website e contam com a certificação do CITEVE para nível 3 de uso geral e podem, por isso, ser submetidas a 25 lavagens, mantendo-se «confortáveis e respiráveis». «Tenho a loja online, onde estamos até a atualizar novos métodos de pagamento mas, neste momento, a maior parte das máscaras estou a vender em Portugal, mas também estou a vender para Inglaterra», adianta.

Perante os «tempos invulgares» provocados pelo novo coronavírus, as expectativas para o futuro da Amilod Zareg «acabam por ser uma incógnita». «É muito difícil percebemos o que vai acontecer. Mesmo se formos a ver, a nossa indústria têxtil está a passar uma fase em que tudo é uma novidade. Eu acredito que nós todos, se tivermos os cuidados necessários, vamos ter a possibilidade de ter uma retoma, sem ser, obviamente, como o que tínhamos. Isto acaba sempre por trazer um lado diferente de vermos as coisas e acredito que as pessoas vão ter mais preocupação com a forma como consomem», afirma Marlene Torres, sem poder deixar de alertar para o facto enfrentarmos uma nova realidade onde «tudo é descartável». «Estamos a viver numa poluição, algo assim a uma escala muito grande. As pessoas estão todas a utilizar máscaras descartáveis e eu acho que temos que começar também a pensar nisso», conclui.