
Muitos destes retalhistas conseguiram ultrapassar a crise de consumo da última década e pensam agora novamente na expansão. Apesar de o mercado interno se mostrar relaxado, as perspectivas a médio e longo prazo não são muito favoráveis. O mercado está saturado e o crescimento quase só pode ser conseguido através da entrada em novos mercados. A Europa de Leste, o Oriente e a Ásia apresentam taxas de crescimento muito elevadas. Quais são os resultados que se pode esperar do mercado, quais são os formatos que funcionam e onde residem os riscos foram as questões analisadas no “Congresso de Comércio 2006″, realizado em Colónia, organizado pelo Managment Forum e pela “Federação do Comércio Exterior do Retalho Alemão”. Será que o mundo se vai tornar num grande e único mercado? Existe de facto o consumidor global? Bill Webb, professor e consultor afirma que não. Muitos estrategas da expansão partiram no passado desta premissa e encontraram vários problemas. As grandes superfícies que trabalham com massas, que no seu país pertencem ao grupo dos mais importantes, não conseguiram transportar esta sua posição para outros países. «De forma geral as grandes empresas são demasiado centralizadas, complicadas e burocráticas, tornando-se assim muito lentas». A flexibilidade, uma gestão sólida e a capacidade de cooperação são factores de sucesso importantes. No negócio da moda, o grau de internacionalização é inquestionavelmente muito elevado, mas também a quota das tentativas dessa internacionalização. «Cerca de 70 por cento falham», afirma Webb. A internacionalização é um processo longo. «São necessários dez anos para construir uma infra-estrutura e mais dez anos para implementar essa marca nos clientes». A H & M só começou a progredir na Grã-Bretanha passados 20 anos. «A internacionalização custa muito dinheiro», afirma Jügen Elfers, analista de comércio do Commerzbank. «Não é apropriada para empresas financeiramente debilitadas». China – será mesmo um destino importante? Quais são os mercados estrangeiros relevantes? A China e a Índia são os mais falados. Entre Mumbai e Xangai mora 40 por cento de população mundial, estando também concentrado 20 por cento do poder económico mundial. O produto interno bruto da Ásia cresce em média anualmente 7 por cento. O poder de compra na Índia cresce por ano entre 5 a 6 por cento e o comércio apresenta um crescimento superior a 10 por cento, sendo na China este crescimento de 18 por cento. No congresso ouviam-se estes números e outros elogios juntamente com vozes mais cépticas. «Na China tudo é possível, mas nada é simples», declara Gerd Bovensiepen da PricewaterhouseCoopers. Na opinião de Jügen Elfers, não vale a pena pensar tanto na China. «Quando grupos como Carrefour e Metro já não ganham dinheiro nesse local, as empresas mais pequenas já não precisam de se preocupar com este destino». Harald Biler, da empresa de consultoria Russicon, afirma que«para mim o interesse desmesurado no sudoeste asiático é extremamente irritante, principalmente quando a Rússia está tão perto de nós». Na Rússia, o retalho cresceu nos últimos cinco anos cerca de 15 por cento, e os rendimentos médios dos 143 milhões de russos aumentaram anualmente neste período de tempo entre 8,7 e 14,9 por cento, tendo o consumo per capita aumentado, desde 2001, de 816 para 1750 dólares. No entanto, o mercado russo resume-se sobretudo a Moscovo. A capital alberga 27,3 por cento do volume de negócios do retalho. A fatia do volume de negócios de S. Petersburgo é de apenas 3,9 por cento. Os focos apontam para a Europa de Leste «Os principais países para os quais a internacionalização se dirige actualmente situam-se maioritariamente na Europa de Leste», revela Stefan Höffinger, vice-presidente da A. T. Kearney. Em primeiro lugar a Rússia, mas também a Ucrânia com 48 milhões de pessoas. Assiste-se igualmente à abertura da Europa de Leste do Sul, nomeadamente de cidades da anterior Jugoslávia, da Roménia e da Bulgária. A empresa Orsay, subsidiária da Mulliez, revela como a Europa de Leste já é importante para si. As 109 filiais nesta área geográfica dão uma contribuição de 25 por cento ao volume de negócios. Desde 2003 que a Orsay tem 300 lojas na Alemanha, Áustria e Suiça. A expansão está agora concentrada na Europa de Leste. Em 1997, a Orsay iniciou-se na Polónia, onde hoje tem cerca de 70 lojas. 1998 foi o ano da Tchetchénia (actualmente com cerca de 30 lojas) e ainda da Hungria (hoje com seis lojas e planos para mais 20 em 2006). O ano de 2004 foi o ano da Eslovénia através de franchising (4), assim como da Croácia (1). Segundo Thomas Scroeder, director da expansão, «em mercados pequenos queremos de futuro agir com a ajuda de parceiros». Nesta Primavera, a Orsay vai finalmente começar a sua expansão com as primeiras lojas na Ucrânia, Eslováquia, Letónia e Rússia. Maio será o mês da segunda abertura em Moscovo e, com a chega do Outono, S. Petersburgo terá também duas lojas. A entrada na Sérvia e Roménia será feita o mais tardar até 2007. Schroeder salienta que, apesar de todo o sucesso, o mercado da Europa de Leste não é propriamente fácil. A subsidiária da Orsay- Pinkie- teve de se retirar da Polónia em 2004, estando prevista para este ano uma segunda tentativa. O mercado muda muito rapidamente, o que exige um ajuste contínuo da estratégia de expansão, para além de uma concorrência cada vez maior de formatos nacionais. Médio Oriente = novas oportunidades Para além da Europa de Leste, também de futuro o Médio Oriente se tornará numa hipótese de crescimento. Os países produtores de petróleo no Golfo, especialmente os Emirados Árabes Unidos, estão a investir muito no turismo e no retalho. A cidade de Dubai é já hoje um dos destinos de compras mais importante para russos e árabes ricos e quer continuar a reforçar esta posição. Em 2007 vai abrir um centro comercial em Dubai com 500.000 metros quadrados, contando com 1.200 lojas, ringue de patinagem e o maior aquário mundial. Nas proximidades da cidade está previsto para 2008 o “Mall of Arabia”, com 1.450 lojas e 900.000 metros quadrados, passando a ser o maior centro comercial do mundo. No total, a superfície de vendas dos países do Golfo cresceu dos 474.000 metros quadrados registados em 1990 para 4,94 milhões de metros quadrados em 2005.