Extremamente exigentes com quem pode usar Kermel, a empresa francesa epónima que produz as fibras de meta-aramida selecionou a Penteadora em 2013 – ano em que começaram os primeiros ensaios – pela «capacidade técnica e pela estabilidade financeira», destaca Vasco Nogueira, representante da Kermel em Portugal, e desde então a parceria tem-se vindo a expandir e a fortalecer. «A Penteadora é a única empresa em Portugal que tem autorização para usar Kermel nos tecidos», sublinha Vasco Nogueira.
França foi o primeiro passo, mas o «diálogo», como lhe chama o representante da Kermel em Portugal, permitiu um rápido progresso. «Uma vez que a Penteadora desenvolveu rapidamente uma gama de tecidos, e até trazendo uma mais-valia a nível do diálogo construtivo entre as partes, imediatamente começou-se a pensar que também há um mercado em Portugal para os tecidos com meta-aramida», refere.
Uma vantagem, tendo em conta que, até à data, todos os tecidos com esta fibra de alta tecnicidade e performance eram importados. «Em Portugal havia um status quo porque não havia tecido português e todos os confecionadores para áreas públicas – bombeiros, exército, marinha, GNR, Força Aérea – têm necessidades de tecidos com meta-aramida», revela Vasco Nogueira ao Jornal Têxtil (edição dezembro 2017).
Atualmente, a Penteadora, que já desenvolveu 70 soluções nos últimos quatro anos, produz 10 referências de tecido com diferentes misturas de Kermel. «Trabalhamos fundamentalmente com o mercado europeu, sendo que o mais forte e representativo é a França», afirma António Teixeira, diretor de vendas da empresa pertencente ao grupo Paulo de Oliveira, o maior da Península Ibérica no sector laneiro. Mas Portugal já representa 10% das vendas de produtos com Kermel, com a Penteadora a fornecer o tecido para a confeção de equipamentos para bombeiros e para o GIPS (Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro) da GNR. «O mercado português tem, de facto, importância para nós e é uma prioridade», reconhece o diretor de vedas.
A produção e comercialização de tecidos com Kermel elevou o grau de exigência dentro da Penteadora, que já se pautava pela produção de tecidos em lã de qualidade. «Há responsabilidades acrescidas sobre os tecidos que produzimos e entregamos, que são usados como elementos de proteção individual. São fundamentais na manutenção de vida e dos ferimentos causados nas mais diversas atividades de acordo com aquela em que se insere o utilizador. Isso obrigou a sermos mais estudiosos, a estarmos mais atentos, a elevarmos o grau de exigência connosco próprios», admite António Teixeira.
A introdução da meta-aramida implicou ainda investimentos diversos, não propriamente com a aquisição de novas tecnologias, mas com a adaptação da maquinaria existente. «A fibra tem 80 milímetros de comprimento ou mais e isso encaixa dentro das características da lã, mas não encaixa em absolutamente mais nada», explica o diretor de vendas da Penteadora, destacando diferenças como a ondulação da fibra e os acabamentos, por exemplo. «Há coisas que parecem similares, mas não são. E, portanto, isso exigiu adaptação tecnológica e investimento para mudar alguns materiais, a alterar as velocidades de alguns equipamentos, a comprar alguns acessórios para ajudar a matéria-prima a ser mais bem trabalhada, a efetuar mudanças nos teares», aponta António Teixeira.
Um investimento exigente mas que tem aberto portas para explorar todo o seu potencial, com a entrada no segmento da indústria – para equipamentos de proteção individual usados em refinarias, por exemplo – a poder ser o próximo passo do negócio da empresa no segmento dos têxteis técnicos, que já representa 15% das vendas. «O mercado dos tecidos técnicos, hoje em dia, é um mercado sem horizonte à vista, é imenso de possibilidades. E a entrada nesse mercado abriu-nos visões enormes sobre o que é que pode ser o futuro e a evolução da empresa. Estamos confiantes e temos esse desejo que a nossa presença na área dos tecidos técnicos não fique por aqui», afirma o diretor de vendas da Penteadora ao Jornal Têxtil.