O ano passado foi um dos mais preenchidos em Portugal para a indústria têxtil e de vestuário. Para além das dezenas de presenças em feiras apoiadas pelas diferentes associações do sector ou a solo , 2012 foi o ano em que os grandes especialistas do sector, e não só, vieram ao nosso país para participar em eventos de renome mundial. Em junho teve lugar na antiga Fábrica Asa/Lameirinho a Conferência Internacional da Cor, uma iniciativa da Capital Europeia da Cultura e do Citeve, em parceria com a Intercolor, a plataforma de pesquisa e desenvolvimento de cor para a indústria da moda, que reuniu especialistas de todo o mundo para apresentarem as direções de cor para a primavera-verão 2014, assim como conceituados nomes de várias áreas artísticas como Souto Moura, na arquitetura, Alexandra Moura, Luís Buchinho e Maria Gambina, na moda, João Canijo, no cinema, ou Bernardo Pinto de Almeida, na pintura e poesia (Jornal Têxtil 164/julho-agosto 2012). Depois das férias, foi a vez do Porto ser o palco mundial da indústria de vestuário, com a realização do 28.º Congresso Mundial do Vestuário, onde participaram mais de 250 delegados de 22 países, entre os quais representantes da Escada, da Hugo Boss e da G-Star (Jornal Têxtil 166/outubro 2012). E em novembro, a indústria reuniu-se pela última vez em 2012, para o sempre aguardado Fórum da Indústria Têxtil, desta vez subordinado ao tema Financiar a Atividade. Relançar o Investimento (JT 168/dezembro 2012). Mas não foram só os grandes eventos que fizeram com a ITV se destacasse no ano passado. Empresas e empresários, criadores de moda, designers e artistas lutaram com unhas e dentes para que 2012 não ficasse apenas marcado pelas imagens de manifestações na rua ou à porta dos centros de emprego, pelo agravamento das medidas de austeridade e pelas queixas de perda de poder de compra dos portugueses. Novos valores ergueram-se no mundo do design de moda em Portugal, desde João Melo Costa, nomeado para um Fashion Award (ver Promessa na moda portuguesa) até ao vencedor efetivo do Fashion Award para Novo Talento, Estelita Mendonça, um dos jovens promissores que desfilou no Espaço Bloom no Porto e em Lisboa (ver Bloom floresceu em Lisboa). O espaço dedicado aos talentos emergentes da moda nacional abriu mesmo uma loja temporária em junho que permitiu chegar ao mercado e projetar os novos valores junto dos consumidores (ver Bloom floresce no Porto). O ano ficou ainda marcado pelos dois grandes eventos de moda em Portugal, a Moda Lisboa e o Portugal Fashion, ambos em duas edições, com a novidade de este último ter acolhido a estreia do designer americano Michael Bastian numa passerelle europeia (ver Cinco sentidos de moda). A indústria foi igualmente prolífica na integração novas estratégias e na adaptação a uma nova realidade do mercado. A Confenix, por exemplo, estabeleceu uma parceria com a designer Elisabeth Teixeira para uma nova coleção de pijamas (JT 166/outubro 2012), enquanto a Iodo Jeans agarrou a marca Cheyenne e está a reposicioná-la no mercado (JT 167/novembro 2012). Já no on-line, as boas notícias começaram logo no início do ano, com a Farfetch, a empresa de comércio eletrónico de moda fundada e liderada pelo português José Neves, a garantir um investimento de 18 milhões de dólares para expandir a sua atividade (JT 159/fevereiro 2012). Também a Wedoble a marca de moda infantil da A. Ferreira & Filhos revelou a sua aposta nas vendas on-line, assim como a Lion of Porches, cuja nova loja virtual foi inaugurada em outubro. O mesmo meio foi usado pela Desigual para conquistar os consumidores portugueses, com o lançamento das vendas on-line a complementarem os 130 pontos de venda físicos que a marca espanhola conta em território português. No plano internacional, 2012 trouxe uma dança das cadeiras dos criadores das grandes casas de moda: Stefano Pilati saiu da Yves Saint Laurent e é agora diretor criativo da Zegna (ver Pilati desenha para Zegna); Hedi Slimane assumiu o leme criativo na Yves Saint Laurent; a Dior finalmente escolheu Raf Simons como substituto de John Galliano; e, já no final do ano, Ghesquière abandonou a Balenciaga para, alegadamente, seguir um projeto a solo (ver Ghesquière abandona Balenciaga) No plano internacional acrescenta-se ainda a mudança de mãos da Lacoste, entre guerras familiares que levaram o grupo suíço Maus Frères a ficar com o controlo da marca liderada criativamente por Felipe Oliveira Baptista (ver Lacoste nas mãos dos suíços), o regresso da M&S a Paris, as primeiras contas verdes do grupo de luxo PPR (ver PPR revela contas verdes) e as novas campanhas polémicas da Benetton, depois de Alessandro Benetton ter assumido a liderança da empresa italiana. Um ano repleto de mudanças que, espera-se, dará origem a um 2013 ainda melhor para a indústria da moda, especialmente a portuguesa.