Segundo a Associação Humana em Portugal, apenas 1,4% dos têxteis gerados em território nacional foram recolhidos, uma vez que cerca de 200 mil toneladas de roupas são descartadas anualmente no país, com base nos dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Sónia Almeida, responsável pela recolha têxtil em Portugal, afirma que «são números preocupantes, ainda mais quando a recolha seletiva tem um enorme potencial, já que 50% dos resíduos têxteis podem ser reaproveitados e mais de 35% podem ser reciclados».
A reutilização de têxteis usados contribuiu para a redução das emissões de dióxido de carbono: por cada quilograma de vestuário recuperado (e não levado a um centro de tratamento de resíduos e incinerado) é evitada a emissão de 6,1 kg de dióxido de carbono, de acordo com um estudo da federação Humana People to People.
Desta forma, as 2.700 toneladas de têxteis recuperados em Portugal pela Associação Humana equivalem a quase 11 milhões de peças de vestuário que tiveram uma segunda vida através da reutilização e reciclagem, evitando a emissão de 16.470 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera, que equivalem à emissão anual de 6.186 carros que circulam 15.000 km cada ou à absorção anual de dióxido de carbono de 122.910 árvores.
«A recolha seletiva de têxteis usados passará a ser obrigatória em 2025 em toda a UE. A Associação Humana pretende, ao lado dos municípios, juntas de freguesias e empresas, ampliar a sua rede de contentores, que atualmente é de 842, e aumentar a sua recolha, que hoje é insignificante frente ao que é descartado em Portugal», explica Sónia Almeida. A rede de estabelecimentos de moda em segunda mão da Humana em Portugal é composta por 15 lojas – dez em Lisboa e cinco no Porto.
«Outro grande desafio é incentivar o consumo de artigos em segunda mão, que também é pequeno», aponta a organização sem fins lucrativos. Segundo um estudo encomendado pela My Nametags, somente 8% dos portugueses compram roupa usada frequentemente.